segunda-feira, 20 de julho de 2015

Ainda é possível fechar a conta do clima

Essa é a mensagem final do Observatório do Clima, ao divulgar o documento com as metas para a redução das emissões brasileiras de gases de efeito estufa propostas pela sociedade civil para a próxima Conferência das Partes, a COP21, que acontecerá em Paris, em dezembro desse ano. Na ocasião, representantes de 196 países estão presentes para a redação de um novo acordo que substituirá o Protocolo Kyoto.

O objetivo do documento é influenciar as metas oficiais que serão apresentadas na rodada desse ano. De acordo com Observatório o Brasil tem potenciar para reduzir suas emissões em 35%, até 2030, o que seria 1 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente e, assim, contribuir para a limitação do aquecimento global aos 2°C do período anterior à revolução industrial.

A proposta vem sendo chamada de “INDC da sociedade civil”, sigla do inglês para as Contribuições Intencionais Nacionalmente Determinadas. Ou quanto, onde e como cada país pode reduzir as emissões que levam ao aquecimento global.

Marina Piatto, engenheira agrônoma e responsável pela área de Clima e Agricultura e Ciniro Costa Júnior engenheiro químico e especialista em emissões na agropecuária, do IMAFLORA, assinam a análise do setor agropecuário e apontam saídas para evitar o agravamento das emissões no campo e que aproveitam o potencial da agropecuária no sequestro de carbono. O cenário leva em conta a previsão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de crescimento do rebanho bovino para 260 milhões de cabeças nos próximos 15 anos, contra as 210 milhões atuais e do avanço de mais de 20 milhões de hectares da área plantada.

O trabalho propõe medidas, que em seu conjunto, contribuiriam decisivamente para a redução das emissões no campo e do acúmulo de carbono no solo. A primeira delas seria o fim do desmatamento e a recuperação de 18 milhões de hectares de pastagens degradadas para responder ao crescimento do rebanho. Ao mesmo tempo, seria necessária a introdução de 3,5 de hectares no sistema integrado de lavoura, floresta e pecuária. O estudo recomenda que os recursos do Plano Safra, 187 bilhões de reais para o período de 2015/2016, sejam estendidos ao financiamento da agricultura de baixo carbono, cujo montante atual destinado ao Plano ABC é considerado insuficiente.

Outras medidas como o melhoramento das pastagens, redução da idade do abate do animal, tratamento dos dejetos, redução do uso do adubo nitrogenado e o plantio direto são apontadas por Marina Piatto e Ciniro Costa Júnior como prioritárias e eficientes na redução das emissões no campo.

O Observatório do Clima também apresentou medidas para a redução das emissões nos setores de transporte e energia. O Instituto de Energia e Meio Ambiente responsável pela análise da área de transportes defende a mudança gradual da frota dos ônibus urbanos movidos a diesel por ônibus elétricos e o uso do etanol e de bateria como fontes preferenciais de energia para os carros. Na mesma linha, defende a retomada do programa do álcool como combustível, e do aumento  em 20% da mistura do biodiesel ao diesel fóssil.

O trabalho feito pelo Greenpeace sobre o setor de energia elétrica defende a redução das fontes fósseis de energia e intensificação do uso de energia solar e eólica.

Os membros do Observatório do Clima asseguram que as metas apresentadas no documento são todas viáveis, e as reduções sistemáticas começariam em janeiro de 2021, ficando gradualmente mais restritivas até 2030.

A proposta na íntegra e a maneira de executá-las estão nesse documento que pode ser consultado livremente.



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