Pela primeira vez, os elos entre produção, comercialização,
consumo e potencial de mercado da madeira amazônica certificada FSC são
estudados detalhadamente.
O funcionamento das relações já existentes, as demandas e as
possibilidades para os produtos florestais manejados por comunidades foram
analisados no estudo “Acertando o alvo 3: desvendando o mercado brasileiro de
madeira amazônica certificada FSC”, do IMAFLORA, que foi coordenado pela
engenheira florestal Patrícia
Cota Gomes , coordenadora de projetos e mercados florestais,
pelo engenheiro florestal Leonardo
Sobral , gerente de certificação florestal, ambos do IMAFLORA e pelo consultor
independente Marco Lentini.
O estudo é repleto de indicadores positivos, que apontam o
potencial de crescimento do mercado para a madeira amazônica certificada no
País. A expectativa de aumento no consumo para os próximos 3 anos é de 67%: “Isso
é explicado pela vontade de acessar novos mercados, resposta de 50% dos entrevistados.
A segunda razão, citada por 35%, é a preocupação
com a imagem da empresa”, diz Patrícia. O crescimento de concessões florestais para
particulares e obras como a construção de estádios para os eventos esportivos
previstos para o próximo biênio também são citados por ela.
A base de dados utilizada é de 2011, e os números parciais
de 2013 confirmam a tendência apontada, indicando que pode até ser superada. Foram contatados todos os empreendimentos
florestais certificados, incluindo empresas e comunidades proprietárias de
florestas, serrarias e indústrias consumidoras de madeira amazônica, com um
surpreendente índice de participação nas entrevistas: 80%.
Expansão- Entre as empresas que acreditam no
potencial de mercado do selo FSC e pretendem buscar a certificação florestal
está a Batisflor Florestal. É a única empresa no Brasil licenciada para a
exploração do mogno. São 190 mil hectares de floresta, em três municípios: Boca
do Acre e Piauini, no Sul do Amazonas e Manoel Urbano, no Acre. Pronto para
iniciar a derrubada do segundo lote da espécie, que deve render cerca de 40 mil
m3 de madeira, Luis Rogério
Oliveira, engenheiro florestal da Bastisflor, explica que a certificação FSC se
insere em uma estratégia empresarial para ampliação de mercados. “também
queremos dar ao nosso consumidor a garantia de que a madeira que ele compra
respeita o meio ambiente, o trabalhador e tem uma origem legal”, diz ele.
O Brasil responde pela sexta maior área de florestas com o
selo FSC do mundo, somando-se as nativas e as destinadas à indústria de papel e
celulose. O estudo mostra que o comportamento do mercado de madeira certificada
difere significativamente do mercado de madeira Amazônica. Enquanto a maior
parte da madeira tropical certificada, é exportada (68%), o inverso acontece
com o mercado de madeira Amazônica, que em sua maioria é consumida no Brasil ,
segundo dados do Imazon. Da pequena
fatia com o selo FSC que fica em território nacional, 14% é comercializada no
estado de São Paulo, seguida pela região Nordeste, com 9%.
Comunitários - O Pará é o maior produtor de madeira
certificada FSC, representando 48% do total. Rico em comunidades que vivem da
extração do comércio das toras e dos produtos florestais não-madeireiros, a
região pode ser beneficiado por outra conclusão do estudo do Imaflora: a de que
existe grande mercado potencial para o selo FSC comunitário. Sessenta por cento das empresas entrevistadas
demonstram interesse na compra de produtos comunitários certificados.
O reconhecimento do diferencial do produto comunitário pelo
mercado é a aposta da Comflona, a Cooperativa Mista da Floresta Nacional do
Tapajós, que está buscando a certificação. A Comflona reúne 135 associados, que
trabalham com a extração da madeira, dos óleos de andiroba, copaíba, látex ,
com a coleta do piquiá e do sacaca,
comercializados in natura.
Kolbe Soares, engenheiro florestal que trabalha para a Cooperativa,
explica que os comunitários querem ganhar competitividade para seus produtos, já
que há três anos vendem seus produtos para uma única empresa, que exporta os
produtos. “Se conseguirmos a relação direta, podemos aumentar nossos ganhos”,
diz. Kolbe acrescenta que é um desafio a adequação
aos preceitos e normas da certificação, até por estarem dentro de uma Unidade
de Conservação.
A motivação da compra dos produtos comunitários é a mesma, a
melhoria de imagem junto ao consumidor. Por enquanto, esses produtos
representam uma fatia pequena da madeira tropical certificada: 1,4% do total
produzido.
O estudo completo está disponível e pode ser baixado
livremente por meio do link http://www.imaflora.org/downloads/biblioteca/ebook_acertando_o_alvo_3.pdf.
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